03/10/2016 21h53 - Atualizado em 03/10/2016 22h39

Em carta, intelectuais anunciam desfiliação da Rede e criticam Marina

Autores do manifesto reclamaram de falta de posicionamento do partido.
Entre militantes que deixam a sigla está o antropólogo Luiz Eduardo Soares.

Do G1, em Brasília

Marina Silva (Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil)Intelectuais criticaram duramente a decisão de Marina Silva de apoiar o impeachment de Dilma Rousseff (Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil)

Em uma carta aberta divulgada nesta segunda-feira (3) – dia seguinte ao primeiro turno das eleições municipais –, sete intelectuais anunciaram que estão se desfiliando da Rede Sustentabilidade e teceram uma série de críticas ao partido e à ex-senadora Marina Silva, principal líder política da legenda. Uma das principais queixas do grupo se deve ao fato de a sigla ter decidido apoiar o impeachmente de Dilma Rousseff.

A carta é assinada por Luiz Eduardo Soares, Miriam Krenzinger, Marcos Rolim, Liszt Vieira,Tite Borges, Carla Rodrigues Duarte e Sonia Bernardes.

No manifesto, os intelectuais reclamam, entre outros pontos, de uma suposta falta de posicionamento da legenda em relação aos principais temas políticos e sociais do país, entre os quais várias propostas do governo Michel Temer, como a definição de um teto para gastos do governo federal, além das reformas da Previdência Social e da CLT.

"Depois de um ano de existência legal e três anos de construção partidária, a REDE não se posicionou sobre qualquer das grandes questões nacionais – sequer foi capaz de formular uma crítica fundamentada ao governo Temer. Quando esboçou alguma posição, ou proclamou platitudes, ou decepcionou, afastando-se dos compromissos assumidos em sua fundação", escreveram os agora ex-militantes da Rede.

De acordo com os sete intelectuais, a sigla é dependente da figura política de Marina e das decisões da ex-senadora e ex-ministra. Apesar de elogiarem a trajetória, a honestidade e a integridade de propósitos da líder da Rede, eles criticam a indefinição e a "ambiguidade" de Marina e da direção da legenda sobre assuntos da pauta nacional.

Os ex-militantes dispararam duras críticas contra a ex-senadora e contra os dirigentes da sigla por conta da decisão partidária de apoiar o impeachment de Dilma. Eles reclamaram que o partido tomou a posição sem ouvir a base da Rede.

Apesar da decisão da cúpula partidária, parlamentares da Rede como o senador Randolfe Rodrigues (AP) e o deputado Alessandro Molon (RJ) se posicionaram no Congresso Nacional contra o afastamento da petista do comando da Presidência.

"Subsidiariamente, ao se posicionar em favor do impeachment, a REDE minou sua interlocução com o campo no qual nasceram seus ideais, ao menos aqueles expressos em sua carta de fundação", diz um dos trechos da carta.

Os intelectuais que desembarcaram do partido de Marina Silva também se queixaram de coligações feitas pela legenda nas eleições municipais deste ano, entre as quais a decisão de apoiar o candidato do PMDB à prefeitura de Porto Alegre, Sebastião Melo, em vez de fazer uma aliança com a ex-deputada Luciana Genro, do PSOL.

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