Edição do dia 11/10/2016

11/10/2016 20h58 - Atualizado em 11/10/2016 21h06

Economistas defendem necessidade de o governo controlar gastos

Especialistas alertam que PEC não vai resolver, por si só, o desequilíbrio.
Outras reformas são necessárias; a mais urgente é a da Previdência.

Economistas ouvidos pelo Jornal Nacional defenderam a necessidade de o governo controlar os gastos e de fazer mais reformas para combater a crise.

Não é de hoje que o Brasil se depara com esse problema: tem muito gasto para pouca receita. Até agora, a solução encontrada era fazer mais dívida e aumentar impostos.

Gastos descontrolados com aumentos de impostos aprofundaram a crise econômica e jogaram o país numa recessão que produziu, por exemplo, um recorde de 12 milhões de desempregados.

“O que nós assistimos nos últimos anos, no entanto, foi a falsa impressão que os recursos públicos eram ilimitados. E começamos a aumentar os gastos sem consistência e isso levou à maior taxa de desemprego da nossa história. Para interromper essa grave crise, é necessário uma agenda profunda de reformas que começa pela PEC”, afirmou Marcos Lisboa, presidente do Insper.

E a PEC aprovada, na segunda-feira (10), em primeira votação, apontou o caminho já adotado por outros países: o de limitar gastos, estabelecer um teto, um limite máximo. Se quiser, o governo até pode aumentar o gasto com saúde e educação, por exemplo, mas vai ter que tirar de outras áreas. E quem vai definir isso será o Congresso.

“A gente vai escolher o quê? Pagar aposentadorias e pensões que estão crescendo e já comem aí 12%, 13% do PIB brasileiro ou a gente vai gastar mais em educação e saúde? Os caminhos fáceis acabaram, o Brasil está diante de escolhas difíceis”, disse Alexandre Schwartsman, economista.

 

O gráfico mostra: sem a PEC, a dívida pública vai atingir 100% do PIB em 2020. Com a emenda aprovada, em 2020 a dívida chegará a 83% do PIB. Ainda assim, uma relação muita alta.

Os economistas com quem a gente conversou alertam que, ainda que seja aprovada na votação final, a PEC não vai resolver, por si só, o desequilíbrio nas contas públicas. Outras reformas serão necessárias. A reforma da Previdência é a mais urgente, diz Marcos Lisboa:

“A Previdência já é um problema há muitos anos, o Brasil está atrasado, outros otros países vizinhos do nosso como o Chile, outros países emergentes, já fizeram reforma da previdência há 20 anos, 30 anos em alguns casos”.

Enquanto a reforma da Previdência não vem, para o ex-ministro da Fazenda, a saída é reduzir o tamanho do governo.

“O governo vai sentir maior necessidade de transferir para o setor privado a gestão de rodovias, ferrovias, aeroportos, portos. Tem o seu lado positivo também ao abrir espaço para uma nova onda de privatização de infraestrutura”, disse Maílson da Nóbrega.

Temer: "Reforma da Previdência será mais polêmica que PEC"
Numa entrevista à rádio CBN, o presidente Temer disse, nesta terça-feira (11), que a reforma da Previdência vai ser mais polêmica do que a votação da PEC. Sem dar muitos detalhes, ele adiantou que o governo quer acabar com a distinção de aposentadorias do setor privado e do setor público. Segundo Temer, a reforma vai atingir a todos, inclusive os políticos. Sobre a aposentadoria dos militares, Temer disse que ainda não sabe o que será feito, em função das peculiaridades da carreira.

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