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Ouro, Thiago Braz superou abandono da mãe e falta de varas para treinar

O técnico ucraniano Vitaly Petrov foi exaltado por Thiago Braz, logo após a conquista do ouro inédito no salto com vara, por sua influência na preparação para os Jogos Olímpicos —o atleta mora e treina desde 2014 em Fórmia, na Itália.

Enquanto o comandante mais recente lapidou seu talento, outro não foi menos importante: Luis Carlos Albieri, o "Esquilo". Ele orientou o atleta a escolher o salto com vara para iniciar sua carreira no atletismo, ainda aos 14 anos, em um ginásio poliesportivo de Marília, no interior de São Paulo.

"Ele sempre foi muito determinado. É uma coisa de família", afirma Esquilo. Ele já havia descoberto o talento do tio de Thiago Braz, o decatleta Fabiano Braz da Silva, que chegou à seleção brasileira de atletismo.

Abandonado pela mãe ainda bebê, com poucos meses de vida, Thiago foi criado pelos avós paternos em Marília. A mãe deixou uma carta para a sogra, dizendo que não teria condições de criar o filho.

Nos primeiros dias na nova casa, ele costumava ficar no portão, com uma mochila nas costas, à espera da mãe –que nunca retornou. O pai também foi ausente na criação de Thiago, assim como os avós maternos.

O treinador foi o principal responsável por transformar a escolinha de atletismo de Marília em um celeiro de atletas olímpicos entre as décadas de 1990 e 2000. De lá saíram nomes como Osmar Barbosa dos Santos (800 m) e Jadel Gregório (salto em distância e triplo), além do para-atleta Aurélio Guedes dos Santos.

Os atletas Augusto Dutra, eliminado na fase de classificação do salto com vara, e João Victor, que conseguiu sua vaga na final dos 110 metros com barreiras no Rio, são os exemplos mais recentes de sua nova safra de olímpicos.

Albieri lembrou que, a exemplo de todos os demais atletas, Braz precisou superar antes as dificuldades de estrutura da equipe em Marília. "Nós tínhamos apenas uma vara para cinco atletas treinarem. O Thiago não reclamava, apenas fazia sua parte".

Tamanha dedicação rendeu ao atleta a convocação para defender Marília na disputa dos Jogos Regionais, ainda aos 14 anos. Mas o que seria uma estreia se transformou em frustração. "Esqueceram de inscrevê-lo. Mas ele não abriu mão do atletismo".

Para Esquilo, a conquista do ouro olímpico por Thiago Braz é apenas o início de uma carreira histórica.

"Ele está em uma fase iluminada", concluiu.

CARREIRA

Com 11 anos, Thiago começou a dar os primeiros passos no atletismo em uma escolinha do tio, Fabiano, que era um módulo da equipe municipal de Marília.

Três anos depois, em seus primeiros saltos no atletismo, ele mudou-se para Bragança Paulista. Lá, conta o técnico, chegou a dormir no chão no alojamento. Mas o esforço valeu a pena: em 2009, aos 15 anos, conquistou o bronze sul-americano juvenil.

Aos 18, Thiago atingia a maturidade de sua modalidade com a conquista do Mundial Juvenil, em 2012. No ano seguinte, quebrou o recorde sul-americano em Cartagena, na Colômbia: 5,83 metros.

Ele se preparava para uma grande temporada em 2014 quando sofreu um baque. Durante a disputa da Liga Diamante, em Lausanne, na Suiça, ele caiu fora do colchão e quebrou a mão.

Passou por cirurgia e ficou cinco meses fora das pistas. Ao final daquele ano, casou-se e retomou sua carreira no ano passado.

A recompensa por tanto esforço veio com a conquista do índice para os Jogos Olímpicos, no Ostrava Golden Spike, com o salto de 5,75 metros. Ele melhoraria ainda mais sua marca no Arzebaijão, ao saltar 5,92 metros em uma prova de rua.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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