Edição do dia 22/07/2016

22/07/2016 06h01 - Atualizado em 29/07/2016 13h59

PF prende 10 suspeitos de planejar ataques terroristas durante Olimpíada

Operação 'Hashtag' investiga pessoas que teriam alguma simpatia pelo grupo extremista Estado Islâmico. Os suspeitos eram monitorados desde abril.

Fernanda GraellRio de Janeiro, RJ

A Polícia Federal prendeu dez suspeitos de planejar ataques terroristas durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. A operação "Hashtag" investiga pessoas que teriam alguma simpatia pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Os suspeitos eram monitorados desde abril. Os dez presos se comunicavam por mensagens de celular e pelas redes sociais, usavam perfis falsos, com nomes em árabe, e participaram de um batismo virtual do grupo terrorista Estado Islâmico.

Os brasileiros passaram então a combinar treinamentos em artes marciais e a comemorar atos terroristas no mundo. Planejaram, ainda, a compra de um fuzil AK 47, em um site clandestino no Paraguai. Foram essas ações do grupo que fizeram as autoridades agirem.

No RJ, o ministro da Defesa Raul Jungmann disse que o grupo era amador e que não tinha contato direto com o Estado Islâmico: "É de um amadorismo e, me perdoe o linguajar, tanto vulgar: uma 'porra louquice', porque de fato, é um grupo que não tem nenhuma tradição, nem algo que você pudesse dizer como preparativo, histórico, seja o que for. São jovens, jovens, todos bastante jovens".

Eles têm idades entre 20 e 40 anos. Dois deles já tinham sido presos por homicídio. As prisões foram realizadas em sete estados de diferentes regiões do Brasil. No Paraná, foi preso um suspeito de 21 anos, apontado pelo Ministério da Justiça como chefe do grupo. Mas o juiz responsável pelo caso, Marcos Josegrei, disse que não há sinais de liderança: "Difícil falar em liderança, na medida em que não há uma organização, entre eles, próxima, ou seja, os contatos são por meio virtual. Mas tem pessoas mais ativas, que se percebe que tem um conhecimento maior da dinâmica desse tipo de organização".

Essas foram as primeiras prisões por terrorismo no Brasil, desde que foi sancionada a Lei Antiterrorismo, em março deste ano. O grupo vai responder por dois crimes: promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo - de acordo com a lei, o simples fato de planejar um ataque já é crime, mesmo que ele não tenha sido concretizado.

"Eles vão ter que pagar um preço muito caro, porque ato preparatório pode ser até oito anos de cadeia. Por terrorismo vai até 30 anos de cadeia. As penas são duras. E aqui, um alerta a quem quiser seguir esse caminho: nós estamos monitorando, sobretudo as redes sociais, todas elas, a esse respeito. E nós não temos a menor sombra de dúvidas que qualquer tentativa de cruzar a linha vermelha que indique qualquer tipo de preparativo, nós vamos ser implacáveis em conter, em prender", avisa o ministro da Defesa Raul Jungmann.

Para o ministro da Justiça Alexandre de Moraes, as prisões desta quarta-feira não elevam o alerta de segurança na Olimpíada, que começa em 15 dias: "Continua a nossa classificação, nossa e das agências internacionais, a mesma, não há probabilidade, a probabilidade é mínima de que haja algum ato terrorista no Brasil durante as Olimpíadas. Agora, a possibilidade, como venho dizendo, não é só no Brasil, é no mundo todo. E dentro da possibilidade, nós vamos agir da maneira mais dura possível. Qualquer ato preparatório, por mais insignificante, será pedida a prisão, realizada a prisão, para evitar qualquer problema futuro".