Bixiga 70
São Paulo
bixiga70.com.br
BIXIGA 70 (2015) por Ronaldo Evangelista
Cinco anos depois de sua formação em São Paulo, a big band dançante Bixiga 70 viaja mais longe para se encontrar mais em casa em seu terceiro disco. Mala adesivada, desenhando os próprios mapas, o tenteto explora, escuta, cria, se reinventa a cada disco, a cada música, a cada show, dentro da inconfundível linguagem própria desenvolvida e conquistada em sua história, carregados de energia e sinergia. Expressões individuais e o todo maior que a soma das partes.
Dez músicos em suas identidades pessoais, dentro de um coletivo que engloba jazz, funk e música afrobrasileira, a partir de uma gama de fortes influências que passa por dub e reggae, cumbia e carimbó, ethio-jazz e samba-jazz. Empolgante máquina de ritmo, construindo-se em frases e solos, harmonias e dinâmicas, claves e improvisos. Altamente dançante, entre senso de humor e pensamentos políticos, o som da unidade formada por dez elementos é música instrumental, mas profundamente eloquente.
No terceiro disco do Bixiga 70, novamente produzido pela própria banda (novamente
com mixagem de Victor Rice), todas as composições surgem assinadas e arranjadas por todos. Não é mero detalhe de ficha técnica: o processo de criação é descentralizado e o entendimento é a importância de cada um presente. O nome do álbum, assim como nos dois anteriores, é simplesmente “Bixiga 70”. Não-título, senso de continuidade: não é uma criação a cada ponto, mas uma linha constante de criação e evolução – conceitual, artística, musical, espiritual, pessoal.
Um intenso laboratório conjunto gerou as músicas e a gravação ao vivo em estúdio do
disco, criação coletiva filtrando as melhores possibilidades, equilibrando as referências mais
recentes e mais antigas de cada um e vivendo cada uma das diversas influências e individualidades.
Não passaram impunes as apresentações em lugares como França, Bélgica, Holanda,
Alemanha, Dinamarca, Suécia, EUA, Marrocos, além de Pernambuco, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul - pra não citar as próprias ruas do Bixiga. Ao longo das nove faixas do álbum, fundem-se estilos e nascem sincretismos autorais em forma de afrofunk moderno, cumbia marroquina, spiritual jazz, adaptações de
pontos de terreiro, blaxploitation cubano, movimento Black Rio em SP, dub árabe, tambores malinké com guitarra angolana e banda de pífano.
Se hoje há uma cena nacional instrumental e dançante, autoral e criativa, múltipla de gêneros e autosuficiente, o Bixiga 70 é influência e influenciado, desbravando as rotas à sua frente. Sem se preocupar com os caminhos estabelecidos, a banda trilha os percursos em que naturalmente cabem, encontrando espaços vazios clamando por ser ocupados.
Acompanhando tudo, uma legião, divertindo-se junto embaixo e em cima do palco.
Bixiga 70’s tracks
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