A ciência moderna ignora o que são a inteligência, a existência, o ser humano

A ciência moderna, que é racionalista quanto ao sujeito e materialista quanto ao objeto, pode nos situar fisicamente e de uma maneira aproximativa, mas ela não pode dizer nada sobre nossa situação extra-espacial no Universo total e real. Os astrônomos sabem mais ou menos onde nos encontramos no espaço, em que “lugar” relativo, em qual braço periférico da Via Láctea, e eles sabem talvez onde esta se situa entre as outras poeiras de estrelas; mas eles ignoram onde estamos nos “espaço” existencial: a saber, num estado de endurecimento e no centro ou no cume deste, e ao mesmo tempo na borda de uma imensa “rotação”, a qual não é senão a corrente das formas, o escoamento “samsárico” dos fenômenos, o panta rhei de Heráclito. A ciência profana, querendo penetrar até o fundo do mistério dos recipientes — o espaço, o tempo, a matéria, a energia —, esquece o dos conteúdos: ela quer explicar as propriedades quintessenciais de nosso corpo e o funcionamento íntimo de nossa alma, mas ela ignora o que são a inteligência e a existência; e, por consequência, ela não pode não ignorar — dados os seus princípios — o que é o homem.

(Frithjof Schuon, O Homem no Universo)

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La science moderne, qui est rationaliste quant au sujet et matérialiste quant à l’objet, peut nous situer physiquement, et d’une façon approximative, mais elle ne peut rien dire sur notre situation extra-spatiale dans l’Univers total et réel. Les astronomes savent à peu près où nous nous trouvons dans l’espace, à quel « endroit » relatif, dans quel bras périphérique de la Voie Lactée, et ils savent peut-être où celle-ci se situe parmi les autres poussières d’étoiles ; mais ils ignorent où nous sommes dans l’« espace » existentiel : à savoir dans un état de durcissement et au centre ou au sommet de celui-ci, et en même temps au bord d’une immense « rotation », laquelle n’est autre que le courant des formes, l’écoulement « samsârique » des phénomènes, le panta rhei d’Héraclite. La science profane, en voulant percer à fond le mystère des contenants – l’espace, le temps, la matière, l’énergie – oublie celui des contenus : elle veut expliquer les propriétés quintessentielles de notre corps et le fonctionnement intime de notre âme, mais elle ignore ce qu’est l’intelligence et l’existence ; et par conséquent, elle ne peut pas ne pas ignorer – vu ses principes – ce qu’est l’homme.

(Frithjof Schuon, Regards sur les Mondes Anciens)

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Modern science, which is rationalist as to its subject and materialist as to its object, can describe our situation physically and approximately, but it can tell us nothing about our extra-spatial situation in the total and real Universe. Astronomers know more or less where we are in space, in what relative “place”, in which of the peripheral arms of the Milky Way, and they may perhaps know where the Milky Way is situated among the other assemblages of stardust; but they do not know where we are in existential “space”, namely, in a state of hardness and at the center or summit thereof, and that we are simultaneously on the edge of an immense “rotation”, which is not other than the current of forms, the “samsaric” flow of phenomena, the panta rhei of Heraclitus. Profane science, in seeking to pierce to its depth the mystery of the things that contain — space, time, matter, energy — forget the mystery of the things that are contained: it tries to explain the quintessential properties of our bodies and the intimate functioning of our souls, but it does not know what intelligence and existence are; consequently, given what its “principles” are, it cannot be otherwise than ignorant of what man is.

(Frithjof Schuon, Light on the Ancient Worlds)

Uma ideia sobre “A ciência moderna ignora o que são a inteligência, a existência, o ser humano

  1. fernando figueira borgomoni

    A ciência moderna não conhece a totalidade do universo porque exclui a própria existência dessa totalidade e resume tudo ao universo material. Uma conclusão óbvia quando só se admite a razão na busca do conhecimento e se perdeu totalmente a compreensão sobre o intelecto incriado.

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