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NFJ#147 (21/07/2017)
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Buenas, moçada!
Os mais atentos talvez estejam se perguntando o que significa aquela bandeira da Holanda no assunto desta edição. Pois bem, ela indica o começo da nossa temporada holandesa. Sim, estamos indo passar um tempo na Holanda! Na próxima segunda, eu, Marcela e Santiago embarcamos rumo a Groningen, no norte do país, onde ficaremos até o fim do ano. A viagem faz parte do meu doutorado. Enfiarei a cara nos livros diariamente na University of Groningen, especialmente no Journalism Studies and Media, departamento ao qual estarei vinculado durante este período.

Obviamente, a NFJ será influenciada por essa aventura. Não só darei notícias das minhas andanças acadêmicas e das nossas experiências culturais, mas principalmente esperamos, eu e a Marcela, trazer informações sobre o panorama jornalístico holandês, tanto no mercado como na academia. Acho que vocês vão curtir. Nós já estamos curtindo. Enquanto não podemos fazer as vezes de correspondentes, vocês podem acompanhar as notícias locais no Groningen Internet Courier. É em holandês, mas o Google Translator tá aí pra isso. :)

Bueno, vamos nessa? Hoje a NFJ segue mais curta (vocês devem imaginar por que), mas voltou ao formato mais clássico de links + trechos + comentários.

Foi!
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Clique na imagem e leia o especial produzido pelo Farol Jornalismo junto da Abraji sobre tendências para o jornalismo no Brasil em 2017.

Índice

Pesquisa sobre startups de jornalismo na América Latina

Começo indicando o estudo Ponto de inflexão - impacto, ameaças e sustentabilidade: um estudo dos empreendedores digitais latino-americanos, realizado pela ONG SembraMedia com apoio da Omidyar Network. O mote é o seguinte: pesquisadores de diferentes países da América Latina conversaram com 100 startups de jornalismo digital do Brasil, México, Argentina e Colômbia, 25 de cada país, e traçaram um mapa que mostra os desafios que essas iniciativas estão enfrentando e o impacto gerado por sua atuação no mercado jornalístico e nas sociedades em que estão inseridas. A página inicial da pesquisa tem uma visualização interessante dos resultados da pesquisa. Ela também serve para apontar quais os assuntos nortearam as 130 perguntas direcionadas às pessoas à frente de cada organização. Para quem não tem tempo para ler toda a pesquisa agora, sugiro dar uma olhada no sumário executivo. Nele tem uns bons insights sobre os temas do levantamento.

Agora, se vocês não têm tempo nem para isso, ofereço um resumo do sumário.

Fazer jornalismo digital independente na América Latina pode ser perigoso: "quase metade dos jornalistas entrevistados [...] alegaram ameaças e ataques físicos em consequência de seu trabalho". Apesar de pensarem pouco em negócios (apenas 26% têm alguém para pensar nas vendas), aos poucos, essas iniciativas vão construindo negócios rentáveis. Especialmente a partir da diversificação de receitas: "mais de 65% afirmaram que estavam gerando receita através de três fontes pelo menos". Num contexto em que a mídia tradicional é dominada por homens, diz o relatório, "62% [das iniciativas] têm ao menos uma mulher dentre os seus fundadores". Há uma preocupação em estar perto da audiência: o público tem participação não só na divulgação do conteúdo, mas também influencia os processos internos de inovação das startups. Por fim, o estudo sugere recomendações, cujo resumo é o seguinte:
  • "Conectar os empreendedores digitais com organizações que protegem e defendem jornalistas por meio de suporte legal.
  • Fomentar a sustentabilidade com subsídios, investimento e uma aceleradora focada no fortalecimento das equipes de gestão, no crescimento das audiências e na diversificação de receita.
  • Fornecer formação em negócios que inclua as melhores práticas com exemplos reais de modelos de diversificação de receitas e os mais recentes modelos de publicidade.
  • Construir pontes e alianças para expandir audiências e compartilhar recursos."
Outra coisa massa do estudo é conhecer as iniciativas. Elas estão listadas aqui, com links, claro. Pra terminar, se for o caso de ler com mais calma, tem um PDF aqui.

Se quiserem mais repercussão, o IJNet fez uma série de artigos sobre a pesquisa do SembraMedia. Aqui tem uma matéria no IJNet sobre o levantamento. E aqui tem um panorama do México. O blog do Knight Center também fez uma matéria bem completa. 

Adiante.
 

Paywall no Facebook?

Talvez tenha passado pela timeline de vocês, mas deem uma olhada nesta matéria do The Street compartilhada pelo Leandro Demori. Ela cita um movimento do Facebook de levantar um paywall dentro da plataforma. Leiam o trecho em que a executiva do Face Campbell Brown, uma ex-jornalista da NBC contratada por Mark, cita a ideia:
"Uma das coisas que ouvimos em nossos encontros preliminares com jornais e publishers digitais foi 'queremos um produto de assinaturas, gostaríamos de ver um paywall no Facebook'", disse Brown na Digital Publishing Innovation Summit, conferência realizada em Nova York em 18 de julho. "E isso é algo que estamos fazendo agora. Nós estamos criando um produto de assinaturas."
A mesma Campbell Brown assinou um post no blog do Facebook com os resultados de seis meses de Facebook Journalism Project. O texto divide os esforços recentes da turma de Mark em três áreas: desenvolvimento de novos produtos, ferramentas e treinamento para jornalistas e ferramentas e educação para a comunidade. A ideia de levantar um paywall é citada na primeira parte. Leiam um trechinho do texto:
"Como qualquer produto novo, precisamos melhorá-lo com o tempo para saber se funcionará tanto para o público como para os publishers. Seguiremos ouvindo e recebendo retornos dos nossos parceiros nos próximos meses."
O assunto paywall também está presente nesta entrevista publicada pelo Press Gazette com o chefe de parcerias do Facebook para Europa, Oriente Médio e África, Patrick Walker, também a propósito dos seis meses do Facebook Journalism Project. Ele reafirma o desejo dos publishers em criar uma opção de assinatura dentro da plataforma e diz que a empresa está trabalhando em uma solução que possa funcionar para a maioria, ainda que seja difícil criar um modelo único. A única certeza é de que o paywall funcionaria a partir do Instant Articles. 

Mathew Ingram tem uma postura crítica em relação ao movimento de Mark:
"Mas, no fim das contas, essa história de assinaturas vai acabar no mesmo que o Instant Articles, que os vídeos e que uma dúzia de outras coisas que a gigante das redes sociais já fez: são recursos fundamentalmente desenvolvidos para beneficiar o Facebook, para centralizar o controle nas mãos da empresa, e para gerar o máximo de conteúdo possível. Qualquer benefício que eles fornecem às empresas de mídia é, na melhor das hipóteses, acessório.

Se você conectar seu plano de assinaturas ao Facebook, você aumentará seu alcance? Provavelmente. Vai ajudar a conseguir novos assinantes? Talvez. Mas é importante lembrar que quem controla todos os aspectos dessa relação é o Facebook, não você - é o Facebook que decide quem vê o quê e quando, como isso vai aparecer, com que funções e quanto de receita você levará."
O Nieman Lab também tem um bom material sobre essa história. 
 

Quando a newsletter vira o produto principal

Aproveitem e leiam esta matéria do Nieman Lab sobre uma startup jornalística dinamarquesa que começou com um site e um app, mas acabou se transformando em uma newsletter porque foi isso que os leitores quiseram. Joseph Lichterman conversou com Søren Høgh Ipland, CEO do site Føljeton, iniciativa mobile-first criada por jornalistas que deixaram a mídia tradicional dinamarquesa para criar algo inovador. A ideia inicial foi oferecer à audiência conteúdo jornalístico baseado em cards propícios para ler no smartphone. Um assunto era escolhido e oferecido em série (føljeton significa "serializar" em dinamarquês) aos assinantes. A newsletter era uma forma de entregar esse conteúdo. Mas o que a gurizada acabou curtindo foi a newsletter. Leiam o que disse Ipland à matéria do Nieman Lab.
"Nós ouvíamos as pessoas falando que gostavam do Føljeton, mas só falavam da newsletter. Estávamos investindo muito tempo tentando fazer o trabalho em forma de série, e de fato era um monte de trabalho, e nós víamos que as pessoas não conseguiam ler tudo aquilo no meio da semana. Nós pensamos, ok, vamos seguir nosso feeling e fazer da newsletter nosso produto."
Seguindo.

Dicas para trabalhar com programadores

Bom material do sempre útil Journalism.co.uk com dicas de Albertine Piels, ex-editora-chefe do canal holandês RTLZ, sobre como jornalistas podem trabalhar em conjunto com designers e programadores. Piels deixou seu cargo no RTLZ para trabalhar no Hackstory, iniciativa que acredita na parceria entre diferentes áreas do conhecimento EM PROL de um jornalismo melhor. O artigo do Journalism.co.uk faz um resumo da fala de Piels na conferência newsrewired, no último dia 19 de julho.

São cinco dicas: jornalistas precisam de programadores, jornalistas não são mais os donos do palco, tenha uma estrutura para o trabalho conjunto, aceite o fracasso e aprenda durante a jornada. Embora não sejam exatamente dicas, mas constatações, as duas primeiras são, na minha opinião, as mais interessantes. Um trechinho:
"Ela explica que o formato de artigos online não mudou significativamente desde as páginas impressas no NYT de 1918, então os repórteres podem trabalhar com programadores para melhorar o jornalismo e criar novos formatos mais adequados aos nossos hábitos digitais."

[...]

"Você deve envolver todo mundo desde cedo, já que os programadores não estão lá para trabalhar para os jornalistas, mas sim com os jornalistas. Isso é diferente de trabalhar com um fotógrafo ou com um editor."

Coisas rápidas

Uma ferramenta para contar histórias através de gráficos. A conta dos passaralhos segue aumentando: 2017 já supera 2016 no número de demitidos das redações. As Chicas Poderosas lançaram um programa de incentivo de projetos digitais liderados por mulheres. O Nieman lab está com vaga aberta para staff writer. Uma newsletter para acompanhar: a do Projeto Credibilidade, que chegou na sua edição 8. Eliane Brum chama a atenção para a escalada das notícias falsas no Brasil com estímulo de políticos, com nota da Abraji.

Era isso, moçada!
Bom fíndi e até sexta que vem, com a NFJ#148 enviada direto de Groningen!
Moreno Osório
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