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Promessa de João Doria a servidores cria mal-estar com Uber e 99

Promessa de João Doria a servidores cria mal-estar com Uber e 99

Prefeito disse que iniciativa privada iria pagar as viagens feitas por funcionários públicos durante a greve geral. Negociações fracassaram

BRUNO FERRARI
27/04/2017 - 22h15 - Atualizado 28/04/2017 14h10
GESTÃO COMPARTILHADA João Doria Jr., prefeito de São Paulo, em pessoa e em um celular. Em três meses na prefeitura, ele tuitou 290 vezes (Foto: Montagem sobre fotos de: Filipe Redondo/ÉPOCA)

O prefeito de São Paulo, João Doria Junior, criou um mal-estar com os dois principais aplicativos de transporte usados no Brasil: o Uber e o 99. Em um vídeo publicado no Facebook nesta quinta-feira (27), Doria anunciava que os 136 mil servidores que precisassem de transporte para trabalhar durante a greve geral poderiam usar os serviços desses aplicativos de graça. Num formulário enviado aos funcionários interessados no mesmo dia, a prefeitura informou quem iria pagar a conta: “É importante ressaltar que as viagens serão inteiramente gratuitas, ou seja, as empresas doadoras não cobrarão nada da prefeitura ou dos servidores”.

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As empresas eram a 99 e a Uber, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Entretanto, ambas negaram ter se comprometido com uma parceria nesses moldes. Reconheceram que foram procuradas por Doria para pagar essas viagens, mas que optaram por outra estratégia: estender uma oferta mais limitada a todos os seus clientes (não apenas aos servidores públicos municipais).

A Uber informou que subsidiará até R$ 20 de qualquer viagem feita no aplicativo nos horários de pico amanhã, desde que seja na modalidade de carona compartilha (pool). Já a 99 disse que ofertará o mesmo desconto, de R$ 20, para qualquer usuário do aplicativo no Brasil, com o limite de duas viagens. Ainda que os servidores públicos da capital paulista façam parte desse grupo geral de usuários, uma pergunta ficou sem resposta: quem pagaria pelas viagens, por exemplo, que superassem os R$ 20. A prefeitura? Os aplicativos negaram o subsídio.

ÉPOCA apurou que ambas as empresas foram pegas de surpresa com o anúncio do prefeito, já que não havia parceria formal firmada. As duas sofreram com prejuízos a suas imagens, com protestos nas redes sociais. Um evento no Facebook com mais de 6 mil confirmações foi criado, com um texto dizendo que os aplicativos estavam trabalhando para boicotar um movimento legítimo dos trabalhadores.

Sobre o boicote e o anúncio da parceria, a Uber limitou-se a reforçar sua promoção desta sexta-feira. Já a 99 enviou um comunicado mais específico, dando uma pista do mal-estar gerado por um anúncio precipitado do prefeito. “As manifestações nas redes sociais foram feitas antes de a 99 anunciar o seu posicionamento. A partir de agora é possível avaliar nossa postura, com informação completa.”

Procurada no início da noite desta quinta-feira (27), a assessoria de imprensa da prefeitura não se pronunciou. Algum tempo depois, Doria anunciou a desistência de pagar a viagem de seus funcionários.

Atualização: A secretaria de comunicação da Prefeitura de São Paulo entrou em contato com a reportagem de ÉPOCA na manhã desta sexta-feira (28) e informou que a desistência da parceria partiu das empresas de aplicativos após fracasso nas negociações.

A 99 manifestou-se em nota após a prefeitura entrar em contato com a nossa reportagem:

"A 99 esclarece que recebeu de forma muito positiva o pedido da prefeitura de São Paulo de ajuda  no transporte de servidores públicos nesta sexta-feira (28/04).Inspirada pela iniciativa de São Paulo, a 99 decidiu estender o benefício a toda a população.

Compreendemos que dar opção de transporte aos servidores que decidiram manter os serviços públicos nesta sexta-feira faz parte do papel da 99.

Assim como oferecer o mesmo benefício para toda a população, num dia de grande mobilização social, também é parte deste papel."








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