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Geração Z continua buscando verdades sobre novo contexto social e tecnológico, aponta estudo

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

O acesso quase irrestrito à tecnologia transformou não apenas o comportamento dos jovens, mas sua maneira de encarar o que é ser adulto. Eles não querem que “virar adulto” seja algo permanente, irrevogável.  Preferem que o acesso à vida adulta seja do seu jeito, segundo a sua conveniência. Tornar-se adulto – “to adult”– passa a ser um verbo, não um substantivo ou adjetivo.

Se antes falava-se em “nativos digitais”, hoje fala-se em “nativos do always on”. Os jovens estão sempre conectados, 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana), não importa o lugar.

Esses são alguns entre os diversos achados do estudo “A verdade sobre os Jovens”, realizado globalmente pela Truth Central, divisão de inteligência e estudos proprietários da rede McCann, que buscou mapear o comportamento da chamada Geração Z (nascidos entre a década de 1990 e o ano de 2010), comparando-os aos Millennials (nascidos entre a década de 1980 e o ano 2000).

A pesquisa ouviu mais de 33 mil pessoas, 11 mil delas entre 16 e 30 anos, segmentadas em dois grupos etários para efeito comparativo: 16 a 20 anos (Geração Z) e 21 a 30 anos (Millennials), no Brasil, EUA, Reino Unido, China, Índia, Chile, México, Japão, Espanha, Hong Kong, França, Alemanha, Itália, Turquia, África do Sul, Filipinas, Canadá e Rússia. Os demais 22 mil respondentes possuem idades entre 31 e 70 anos, e suas faixas etárias corresponderam ao perfil demográfico dos respectivos países.

No Brasil, foram 1.811 mil entrevistados, dos quais 669 entre 16 e 30 anos, de todas as classes sociais, sendo 5,5% da classe AA (renda mensal doméstica acima de R$ 9.746,00), 1,1% da classe A (renda doméstica mensal entre R$ 7.476,00 e R$ 9.745,00), 1,3% da classe B (renda doméstica entre R$ 5.476,00 e R$ 7.475,00), 57,9% da classe C (renda doméstica entre R$ 1.735,00 e R$ 5.475,00), 21,1% da classe D (renda doméstica entre R$ 1.086,00 e R$ 1.734,00) e 13% da classe E (até R$ 1.085,00).

Entre as mudanças comportamentais fortemente impulsionadas pela tecnologia está o fato de os jovens brasileiros de 16 a 20 anos estarem muito mais ativamente conectados quando comparados a outras faixas etárias. Eles enviam, em média, 206 mensagens por dia (versus 73 mensagens enviadas pelos usuários de internet entre 21 e 30 anos, 20 mensagens enviadas pelos que têm entre 35 e 50 anos e 17 enviadas pelos que têm entre 51 e 69 anos).

Para efeito comparativo, a média mundial de envios de mensagens entre 16 e 20 anos cai para 120 por dia, evidenciando o quão ativos os brasileiros são nas redes sociais. Cerca de 44% deles declaram que se expressam melhor através de recursos audiovisuais do que através da fala ou da escrita.

Os jovens entre 16 e 20 anos afirmam ser socialmente aceitável alguém morar com os pais até os 31 anos (idade que se eleva para 36 anos quando aferida a média das respostas de todos os participantes da pesquisa).

Os jovens brasileiros (16-30 anos) também revelam alta sociabilidade ao informarem possuir 17 melhores amigos, versus os 6 melhores amigos da média global.

Além disso, quando comparados às gerações anteriores, mais focados nas liberdades individuais, vemos que os jovens atuais valorizam mais a igualdade social. Entre 16 e 34 anos, 53% se preocupam com a questão da Igualdade Racial, 28% com o Feminismo, 21% com direitos LGBT e 10% com questões dos transgêneros. Índices que caem respectivamente para 43%, 11%, 3% e 3% em cada uma destas questões em se tratando de indivíduos a partir de 51 anos.

A despeito das novidades comportamentais, o estudo endossa o fato de que os dilemas fundamentais dos jovens não mudaram. Eles ainda querem encontrar a si mesmo, encontrar sua galera e encontrar seu lugar no mundo. Porém, a maneira como essa busca se dá mudou completamente.

“Foi interessante notar que, se por um lado temos esse jovem caleidoscópico, que, devido ao acesso à internet, tem um repertório de referências e pontos de vista infindáveis, por outro constatamos desafios e contingências que são universais e transversais, independentemente das gerações”, explica Débora Nitta, vice-presidente de planejamento da WMcCann e responsável pelo estudo no país.

Entre as verdades transversais à juventude, está a necessidade de “encontrar a si mesmo”, um processo cheio de ansiedade e insegurança, próprio do período de formação da identidade. Nessa fase, os amigos são importantíssimos, pois “encontrar sua galera” é essencial na definição da identidade pessoal do jovem. Por fim, “encontrar seu lugar no mundo” é a terceira dimensão desse estágio da vida, busca que se dá através dos tempos e consiste na definição de valores, paixões, ideais e parâmetro moral.

“Ao considerarmos essas três dimensões da busca por identidade do jovem, constatamos que os fundamentos básicos sobre o que é ser jovem não mudaram. No entanto, o contexto no qual esse processo se dá e as ferramentas utilizadas nesse mesmo processo foram totalmente redefinidos”, aponta Débora.