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João Doria Jr.: “Podemos ampliar a velocidade sem ampliar riscos”

João Doria Jr.: “Podemos ampliar a velocidade sem ampliar riscos”

O empresário e candidato à prefeitura de São Paulo diz não haver relação entre velocidade e mortes

MARCELO MOURA
16/09/2016 - 19h59 - Atualizado 16/09/2016 20h52
Debates Velocidade João Dória Jr. (Foto: Marcos Rosa/Ed Globo )

ÉPOCA – Por que o senhor pretende aumentar os limites de velocidade da cidade de São Paulo, reduzidos na gestão atual?
João Doria Jr. –
As marginais Pinheiros e Tietê são usadas por 3,5 milhões de pessoas todos os dias. Uma parte considerável dessas pessoas depende dessas pistas para sobreviver, e hoje perdem tempo porque a velocidade foi reduzida. O Código de Trânsito Brasileiro permite um limite mais alto. Podemos ampliar a velocidade sem ampliar riscos, sem aumentar o potencial de acidentes.

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ÉPOCA – Como?
Doria –
Com sinalização reforçada, com educação de trânsito. Coisas que a prefeitura não fez.

ÉPOCA – Segundo a prefeitura, a quantidade de acidentes com vítimas nas marginais baixou 39% após a redução dos limites.
Doria –
Vamos admitir que os números da prefeitura estejam corretos. Houve redução dos acidentes, mas houve também redução no número de carros em circulação. Com o avanço da crise econômica, nos últimos dois anos, pessoas que compraram seus carros com seu salário não puderam mais dirigir. As estradas  estaduais de São Paulo tiveram redução nos acidentes da ordem de 11%, sem baixar a velocidade. Não há correlação clara entre a redução da velocidade e a redução dos acidentes.

ÉPOCA – A Companhia de Engenharia de Tráfego diz que a fluidez do trânsito, nos horários de pico, aumentou 8,7%. Aumentar o limite de velocidade não faria a cidade desacelerar?
Doria –
Nos horários de pico, o próprio tráfego intenso limita a velocidade. No resto do dia, os carros andam mais devagar do que poderiam.

ÉPOCA – A Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, já foi considerada parte da estrada Rio-Santos. Hoje, tem sinais de trânsito. Com o tráfego atual de São Paulo, as marginais ainda podem ser consideradas vias expressas?
Doria –
Morei no Rio há 20 anos. A Avenida das Américas não era mais uma estrada. Lá, cabem sinais de trânsito. As marginais de São Paulo ainda são vias expressas. As pistas centrais podem ter velocidade máxima de 90 km/h. As pistas locais precisam de velocidade mais baixa. Mas 60 km/h, como antigamente, não 50 km/h. Defendo o aumento da velocidade nas marginais. Em avenidas e ruas dentro dos bairros, vamos estudar caso a caso.

ÉPOCA – Haddad diz que seguiu a recomendação da ONU para reduzir as mortes no trânsito. Ele e a ONU estão errados?
Doria –
A velocidade mais baixa reduz o potencial de acidentes dentro dos bairros. Nas vias rápidas, não faz sentido. Concordo com Haddad, na intenção dele de valorizar a vida. Apenas acho que o foco está errado. Não houve campanha educativa sobre a redução das velocidades. Segundo a federação das seguradoras, a maior causa de acidentes é dirigir falando ao celular. No entanto, isso não foi alvo de nenhuma campanha educativa. A única forma de educação foi a multa. Isso, sim, a prefeitura soube fazer.

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