22/08/2016 16h56 - Atualizado em 23/08/2016 12h16

Quais contraindicações e indicações para uso de realidade virtual?

Especialistas explicam o porquê de alguns usuários terem náuseas.
Tecnologia é indicada para tratar de fobias e contra racismo e sexismo.

Cauê MuraroDo G1, em São Paulo

Mostra trará tecnologia de realidade virtual Samsung Gear (Foto: Divulgação)Mulher usa o óculos de realidade virtual Samsung Gear (Foto: Divulgação)

Náusea, enjoo, cansaço visual e dores de cabeça são os efeitos colaterais mais comuns associados ao uso de aparelhos de realidade virtual. Mas atenção: isso não quer dizer que todo mundo vai sentir um desses sintomas.

 

O G1 ouviu especialistas para descobrir as contraindicações e indicações das realidades virtual e aumentada. “Há relatos até de ataques epiléticos”, diz o engenheiro Marcelo Zuffo, do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Universidade de São Paulo (USP).

‘Por que fico enjoado?’
Uma explicação para a náusea é a confusão que a realidade virtual provoca no cérebro. Isso pode ocorrer se alguém usar óculos simulador enquanto estiver sentado, por exemplo. Como a movimentação sentida não vale para o corpo inteiro, a pessoa fica enjoada.

“Se a planta dos pés não reproduz as variações enxergadas na imagem, isso cria mal-estar”, explica o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto Perseus Realidade Virtual. “Minha anatomia é diferente da de outros. Esse é um dos problemas dessas tecnologias”, alerta Nabuco.

Segundo ele, é difícil juntar corpo e equipamento para “enganar” cérebros de pessoas tão diferentes. “Quando existe uma incoerência entre a simulação entregue pelo computador e a expectativa cerebral, ocorre essa dissonância.”

Efeitos psicológicos
Nabuco faz um paralelo entre os possíveis efeitos da realidade virtual e os efeitos dos jogos de videogame. “Jogos não tornam as pessoas mais violentas. Mas pesquisas mostram que quem joga games de tiro pode se tornar mais anestesiado em situação de agressão na comparação com quem não joga.” Ele conta que a realidade virtual pode criar uma geração pouco sensibilizada, gente com capacidade de ler as próprias emoções e “menos capacidade de entender a emoção do outro”.

 Versão final do Oculus Rift começou a ser emtregue a compradores nesta segunda-feira (28) (Foto: Divulgação/Oculus) Versão final do Oculus Rift foi lançada neste ano (Foto: Divulgação/Oculus)

Uso em tratamento de fobia
Indivíduos que sofrem de fobias como medo de avião, de altura ou de insetos podem se beneficiar de tratamentos feitos com base em simulação feita por meio de realidade virtual. O realismo da experiência ajuda.

“Há alguns exercícios de realidade virtual que consistem em pedir a uma pessoa que se coloque no corpo de um negro ou de uma mulher. Isso no caso de ser, respectivamente, alguém racista ou sexista... Dá outra perspectiva à pessoa”, exemplifica Nabuco. “Você pode colocar um europeu num campo de refugiados – é óbvio que vai mudar minha visão.”

Recomendações dos fabricantes
Empresas de aparelhos de realidade virtual sabem dos riscos à saúde e fazem recomendações. A Oculus alerta:

Menores de 13 anos não devem usar os aparelhos;

Não use se você está sentindo cansaço, sonolência, sob efeito de drogas ou álcool. Se tem problemas digestivos, está sob estresse, ansiedade ou tem gripe, resfriado, dor de cabeça, enxaqueca e dor de ouvido;

Devem consultar um médico antes: grávida, idosos, tem transtornos psiquiátricos, problemas cardíacos, anomalia de visão binocular ou doenças crônicas graves;

Faça uma pausa de 10 minutos a cada 30 minutos do uso de óculos;   

Interrompa o uso se tiver: convulsões, perda de consciência, cansaço visual, espasmos nos olhos ou em outros músculos, movimentos involuntários, anormalidades visuais, tontura, desorientação, dificuldade de equilíbrio, suor excessivo, aumento de salivação, náusea, tontura, sonolência, fadiga ou enjoo.

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