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Os discursos mais poderosos dos Globos de Ouro e Oscar

Na última edição dos Globos de Ouro, Oprah Winfrey levou o público às lágrimas com discurso que falou de racismo e da campanha anti-assédio #MeToo

Por Lucas Baranyi
Atualizado em 8 jan 2018, 18h43 - Publicado em 8 jan 2018, 18h42

No último domingo (7), Oprah Winfrey foi homenageada na 75ª edição dos Globos de Ouro com o prêmio Cecil B. DeMille – e proferiu um discurso emocionante, que arrancou lágrimas de muitos dos presentes no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles – e de milhões de espectadores ao redor do mundo.

Winfrey deu início à sua fala relembrando o ator Sidney Poitier, que, em 1964, tornou-se o primeiro negro a vencer o Oscar, e Recy Taylor, vítima de estupro por seis homens no estado do Alabama, em 1944 – crime que culminou no início da luta pelos direitos civis dos negros dos Estados Unidos, encabeçado por Rosa Parks.

Mas o ponto alto do discurso de Oprah orbitou no direito das mulheres, a grande pauta da noite de premiação: vestidas de preto, as mulheres protestavam e endossavam a campanha #MeToo, que trouxe à tona diversos casos de assédio e abuso em Hollywood

Não é de hoje que os holofotes de grandes prêmios são utilizados para tocar em assuntos sensíveis da sociedade; relembre nove grandes discursos que marcaram os Globos de Ouro e o Oscar.

Halle Berry

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Em 2002, a norte-americana tornou-se a primeira mulher negra a vencer na categoria de Melhor Atriz, pelo filme A Última Ceia. “Este momento é tão maior que eu” foram as primeiras palavras escolhidas por Berry para iniciar seu discurso, ciente do ineditismo de sua conquista.

Desde a vitória da atriz, apenas três outras mulheres negras foram indicadas nesta categoria: Gabourey Sidibe em 2009, por Preciosa, Viola Davis em 2011, por Histórias Cruzadas, e Quvenzhané Wallis, em 2012, por Indomável Sonhadora. Nenhuma delas venceu.

Jodie Foster

Jodie Foster subiu ao palco dos Globos de Ouro em 2013 para ser homenageada por toda sua carreira e, na manhã seguinte, seu nome estava na boca de todos que assistiram à premiação. O motivo é simples: ela brincou quando começou a falar com ares de revelação. “Acho que tenho uma urgência de dizer algo que nunca pude colocar em público. É uma declaração que me deixa um pouco nervosa de fazer, mas não tão nervosa como minha agente deve estar agora, certo, Jennifer? Mas eu vou dizer, cheia de orgulho e bem alto, ok? E precisarei do apoio de vocês para isso.”

Todos estavam em silêncio, aguardando que Foste “saísse do armário” – a possível homossexualidade da atriz já era ponto pacífico em Hollywood, mas Foster arrancou risadas de todos ao encerrar sua fala e provocar toda a indústria e a busca incessante por fofocas: “Eu estou solteira.”

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Marlon Brando

Um dos maiores atores de todos os tempos. Um dos maiores filmes de todos os tempos. A atuação incontestável de Marlon Brando em O Poderoso Chefão rendeu um Oscar garantido ao norte-americano, mas foi a atriz e ativista dos direitos indígenas Sacheen Littlefeather que subiu ao palco em seu nome – não para aceitar, mas justamente para recusar a estatueta.

Os motivos foram expostos em uma carta de 15 páginas escritas pelo ator – e divulgadas por Sacheen para a imprensa, depois do Oscar –, e iam do tratamento recebido pela comunidade indígena em Hollywood até um incidente que acontecia na mesma época da premiação, na cidade de Wounded Knee, em um conflito durante uma ocupação indígena.

Tom Hanks

A aids ainda era um tabu no início da década de 90 – e eram raríssimas as produções a abordar o tema de uma forma sensível e humana. Esse papel coube à Filadélfia, em 1993, e, mais especificamente, a Tom Hanks.

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O ator norte-americano viveu de maneira impecável a história de um advogado portador de HIV que é demitido única e exclusivamente por preconceito de seus chefes e colegas de trabalho, e contrata outro advogado – que é secretamente homofóbico – para defendê-lo.

Com a voz embargada e os olhos marejados, Hanks falou para um auditório tomado pelo silêncio, mencionando a existência de milhares de anjos nas ruas dos céus – vítimas da aids que, em outro plano, seriam “acolhidas por Deus”.

Michael Moore

Antes de tornar-se sinônimo de controvérsia ambulante, Michael Moore não passava de um documentarista pouco conhecido. Uma produção, porém, mudou o jogo: Tiros em Columbine. Após o trágico massacre realizado por dois adolescentes, Moore dissecou a obsessão norte-americana por armas – e, com a estatueta em mãos, não hesitou em disparar contra a administração do então presidente George W. Bush – acusando-o de ter manipulado as eleições – e a Guerra do Iraque.

Quer saber o som exato do encontro entre salvas de palmas e vaias? Basta assistir ao vídeo.

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Patricia Arquette

Ao vencer na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante na 87ª edição do Oscar por Boyhood, em 2015, Patricia Arquette parecia entregar um discurso padrão: agradeceu à família, ao diretor Richard Linklater e aos colegas de elenco. Na parte final, porém, surpreendeu e arrancou gritos e aplausos de todos ao comentar a disparidade salarial entre homens e mulheres – não apenas na indústria do entretenimento, mas na sociedade como um todo: “Para toda mulher que deu à luz a todo pagador de impostos e cidadão desta nação, nós lutamos pelos direitos de todos. É nossa vez de ter igualdade salarial de uma vez por todas, e direitos iguais para as mulheres dos Estados Unidos da América”, cravou a atriz.

Common e John Legend

Poucos filmes retratam tão bem a luta pelos direitos dos negros nos Estados Unidos como Selma: A Marcha da Liberdade. Dirigido por Ava DuVernay, o longa-metragem faturou o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Canção Original – mas foi na segunda cerimônia que os cantores e compositores Common e John Legend causaram arrepios em seus discursos.

Enquanto Common lembrou que a cidade que dá nome ao filme já foi um símbolo de luta e hoje simboliza esperança, Legend cutucou uma ferida que custa a fechar nos Estados Unidos: o número cada vez mais alto de homens negros aprisionados. “Hoje existem mais negros em prisões dos Estados Unidos do que haviam escravos em 1850”, afirmou. “Quando as pessoas marcharem com nossa música, gostaríamos de dizer que estamos com vocês, os amamos e sigam marchando.”

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Dustin Lance Black

Foi através das talentosas mãos de Dustin Lance Black que a história real de Harvey Milk, o primeiro homossexual declarado a ser eleito para um cargo público na Califórnia, ganhou vida.

Seu discurso, é claro, foi carregado de emoção – especialmente considerando que na época, em 2009, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não era legalizado: “Quando ouvi a história de Harvey Milk pela primeira vez, senti a esperança de viver minha vida de maneira aberta, me apaixonar e casar. Quero agradecer minha mãe por me amar como sou, mesmo quando há pressão para que ela não faça isso. (…) Harvey gostaria que eu dissesse isso a todas as crianças gays e lésbicas que são diminuídas pelo governo, pelas igrejas e por suas famílias: vocês são criaturas incríveis, cheias de valor. E não importa o que digam: Deus ama vocês e, em breve, vocês terão direitos iguais em nossa nação”, falou Dustin – e, felizmente, ele estava certo.

Meryl Streep

O que esperar de uma das maiores atrizes de todos os tempos? Meryl Streep, não decepcionou ao ser homenageada em 2017, durante o Globo de Ouro, e atingiu em cheio o então candidato a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depois que ele caçoou de um repórter com uma doença degenerativa durante sua campanha presidencial.

Streep não parou aí: ela criticou o crescente levante anti-imigração que tomava conta do país ao lembrar que algumas das maiores estrelas de Hollywood não nasceram em solo norte-americano. “Natalie Portman é de Jerusalém. Dev Patel é indiano. Ryan Gosling, como todas as boas pessoas do mundo, veio do Canadá”, brincou Streep.

O discurso de Meryl não fez tanta diferença na corrida presidencial, e, no final de 2017, Trump foi eleito – mas suas palavras em prol da igualdade ecoam até hoje.

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