O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta quinta-feira a primeira prisão realizada no Brasil com base na lei antiterror. A Polícia Federal deflagrou nesta manhã a Operação Hashtag para desarticular um grupo envolvido na promoção do Estado Islâmico e na execução de atos preparatórios para a realização de atentados terroristas e outras ações criminosas no Brasil.
Os envolvidos participavam de grupo virtual denominado "Defensores da Sharia" e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e até mesmo no exterior, afirmou o Ministério da Justiça. “Estamos monitorando vários indivíduos, e a partir do momento em que passam para atos preparatórios, é necessária uma atuação mais drástica”, disse o ministro da Justiça.
Entre os atos preparatórios, o ministro citou que um dos monitorados entrou em contato com um site de armas clandestina do Paraguai, solicitando a compra de um fuzil AK 47.
Os monitorados não eram, no entanto, uma célula terrorista organizada, mas atuavam individualmente. Segundo o ministro, em suas conversas, que ocorreram principalmente via trocada de mensagens pelos aplicativos Whatsapp e Telegram, o grupo afirmou que o Brasil não fazia parte da coalizão contra o Estado Islâmico mas que, em virtude das Olimpíadas, passaria a estar dentro do “alvo”.
Os monitorados são todos os brasileiros e haveria um menor entre eles. Segundo o ministro, o único contato dos membros com o Estado Islâmico foi um "batismo" via internet, quando é feito um tipo de juramento. Não há, no entanto, conexão direta entre os membros e o Estado Islâmico.
Cerca de 130 policiais cumprem mandados judiciais. Foram realizadas dez prisões temporárias; duas conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões. Além disso, foram emitidos outros dois mandados de prisão por dois suspeitos que, segundo o ministro, ainda não foram presos, mas já foram rastreados.
A operação ocorre nos Estados de Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Rio, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Uma ONG com atuação na área humanitária e educacional também é investigada por participação no caso.
Os investigadores farão perícia em todos os objetos apreendidos, como celulares e computadores. “Foram trocadas várias mensagens que mostram a degradação dessas pessoas, comemorando o atentado em Orlando e em Nice”, disse o ministro.
Arma pela web
Moraes afirmou que “qualquer ato preparatório [para ações de terrorismo], por mais insignificante, terá reação rápida, dura e certeira” do governo. “Não vamos esperar um milímetro”, disse Moraes.
O ministro afirmou que a célula era “amadora e sem nenhum preparo”. “Uma célula organizada não tentaria comprar uma arma pela internet”, afirma. Moraes voltou a afirmar que a segurança pública gera muito mais preocupação do que o terrorismo.
Questionado sobre como os investigadores tiveram acesso às trocas de mensagem via WhatsApp e Telegram, Moraes afirmou que as "investigações têm outros meios", mas disse que não poderia dar detalhes sem comprometer as investigações.
Temer
O presidente interno Michel Temer está desde ontem acompanhando as informações sobre o tema, comunicou o Planalto. A operação foi desencadeada após cooperação internacional.