O Flamengo acertou ao pagar R$ 300 mil para Marcelo Moreno jogar

sáb, 24/08/13
por valmirstorti |

Marcelo Moreno é o mais preciso entre todos os jogadores do Campeonato Brasileiro comparado aos que fizeram pelo menos o mesmo número de finalizações que ele.

Das 15 finalizações que tinha feito até a 14ª rodada, ele havia acertado 11.

Há quem considere que esses números não significam nada, mas no momento de tomar uma decisão em relação a investir esses R$ 300 mil em sua escalação, deve ser levado em consideração seu índice de aproveitamento nos jogos.

Evidentemente, há que levar em consideração que ele marcou apenas dois gols.

Mas é preciso levar em consideração por que ele não fez mais gols nas outras nove finalizações certas. Em cinco delas, os goleiros de Ponte Preta, Vasco, Internacional, Botafogo e Bahia fizeram cada um deles uma defesa difícil que conseguiu pará-lo. É um desempenho considerável. Atacantes vivem de fases, a de William, da Ponte Preta, é excelente, a de Maxi Biacucchi também, mas em algum momento a maré muda para quem tem um índice de acertou tão alto com esse grau de dificuldade que impõe aos goleiros adversários.

O Flamengo acreditou que poderia ter sido contra o Grêmio. Com isso, emitiu vários sinais.

Para o próprio Moreno ficou claro que o clube não medirá esforços para contar com ele, que é importante para o grupo, que basta ele continuar treinando e se empenhando. Valorizou o atleta.

Para os torcedores, mostrou que vale a pena ir ver o clube no estádio, que vale a pena viajar para Brasília para acompanhar um grande jogo, vale a pena ir conhecer o novo Maracanã ou mesmo viajar para Goiânia ou São Paulo para ver o time de perto, pois o clube está levando cada partida muito à sério e vai dar o máximo possível. Valorizou o jogo.

Vai ganhar, vai empatar e vai até perder, mas está empenhado e investindo no que acredita ser o certo. Não é o resultado do jogo que deve servir de parâmetro para julgar o investimento feito. É o potencial de Marcelo Moreno.

Veja abaixo a lista com os melhores aproveitamentos de finalizações certas no Brasileirão.

Vale destacar o atacante Kleber, do vitorioso Grêmio, que fez apenas uma finalização para fora contra o Flamengo. Ele tem o terceiro melhor aproveitamento de finalizações. Fez apenas três gols até a 14ª rodada, mas ninguém duvida de seu potencial.

Com muito treino, Neymar vira referência também na bola parada

dom, 30/06/13
por valmirstorti |
categoria Santos

Quanto treino forma um grande jogador de seleção brasileira?

Aos 21 anos, Neymar é candidato inquestionável a se tornar um dos maiores jogadores de todos os tempos. Além do seu talento natural, ainda treina para se tornar uma referência também nas bolas paradas.

Na Copa das Confederações, fez um belo gol de falta contra a Itália e bateu o escanteio que decidiu o jogo contra o Uruguai.

Nada é por acaso.

No Paulistão-2012, o Santos teve 26 cobranças de falta direta, e Neymar bateu 4.

Vem praticando essas cobranças desde que Elano foi para o Grêmio, no Brasileiro do ano passado.

Até Neymar começar a cobrar as faltas, no Brasileirão-2012, o Santos teve 10 cobranças. A partir da 19ª rodada, foram mais 30, e Neymar bateu 20.

No Paulistão-2013, o Santos teve 35 faltas diretas, e Neymar bateu 23.

No Brasileirão-2012, Neymar cobrou 19 faltas e fez 1 gol, na vitória do Santos sobre o Palmeiras por 2 a 1, na 19ª rodada, um golaço que entrou no canto esquerdo. O técnico do Palmeiras era Luiz Felipão Scolari.

No Paulistão deste ano, Neymar bateu 23 faltas e fez 1 gol, no empate em 1 a 1 com o São Caetano, um golaço. A bola entrou no ângulo direito, como no jogo contra a Itália.

E ele ainda bate escanteios…

No Paulistão-2012, o Santos teve 148 escanteios, e Neymar cobrou 32, que resultaram em quatro finalizações.

No Brasileiro-2012, foram 206 escanteios para o Santos, e Neymar cobrou 22, que resultaram em seis finalizações.

No Paulista-2013, houve 120 escanteios para o Santos, e Neymar cobrou 54, com quatro finalizações. Um dos melhores jogadores do país, bateu praticamente a metade dos escanteios de sua equipe.

Melhor linha de impedimento do país garantiu título ao Corinthians

qua, 22/05/13
por valmirstorti |
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Eram 46 minutos do segundo tempo quando Oscar levantou a bola sobre a área do Corinthians, Fernando Torres cabeceou a bola para dentro do gol e uma sensação gelada subiu pela espinha de cada corintiano ao redor do planeta que assistia à vitória sobre o Chelsea na final do Mundial.

Mas Fernando Torres estava impedido.

Um impedimento bem marcado que na prática assegurou o bicampeonato mundial para o Corinthians.

Um impedimento histórico.

Um impedimento histórico fruto de muito treino, de muito condicionamento, de muito trabalho. Fruto de um trabalho defensivo bem feito.

A melhor linha de impedimento do Brasil se tornava campeã do mundo. O clube, bicampeão.

No Brasileirão-2012, que antecedeu ao Mundial de Clubes, tinham sido marcados 166 de adversários do Corinthians em 38 partidas, uma média arredondada de 4 por partida.

Parece pouco, mas se 1 único impedimento pode fazer toda a diferença (como na decisão contra o Chelsea), o que dizer de 4? O que dizer de 166? Desses 166 impedimentos marcados, 3 foram do ataque do Santos nos 2 jogos que fizeram no Brasileirão do ano passado.

No Brasileirão do ano passado, Corinthians e Santos disputaram informalmente quem tinha a melhor linha de impedimento do país. Foram marcados 166 impedimentos a favor do Corinthians (19 errados) e 162 impedimentos para o Santos (23 errados).

No Paulistão recém-encerrado, era de se supor que a disputa informal se mantivesse.

E se manteve.

Em 23 jogos, foram marcados 98 impedimentos a favor do Corinthians (10 errados) e 101 impedimentos a favor do Santos (15 errados).

Bom, se no Paulistão-2013 foram marcados 3 impedimentos a mais para o Santos, este passou a ser a melhor linha de impedimento do país? Ou como foram marcados 5 impedimentos errados a menos a favor do Corinthians, este manteve o título de melhor linha de impedimento do país?

Vamos a um suposto desempate que “fala mui-to!” sobre a conquista corintiana: nos 2 jogos das finais do Paulistão entre Corinthians e Santos foram marcados 19 impedimentos, sendo nada menos do que 13 deles a favor da defesa do Corinthians (nenhum deles errado) e 11 deles no segundo tempo dos jogos, quando o Santos teve de jogar suas últimas fichas em busca do frustrado tetracampeonato.

Só na Vila Belmiro, foram 7 impedimentos do ataque do Santos. Convenhamos: se há uma forma eficaz de anular o ataque adversário, é deixando-o em impedimento. Anulam-se as possibilidades de se levar um gol, de se cometer um pênalti, uma falta, de levar um cartão e ainda, possivelmente, vai-se abrindo um buraco na confiança do ataque adversário, embora seja um grande risco, um risco calculado.

Nem sempre dá certo, evidentemente. O bandeira pode errar, um jogador pode chegar de trás…

O ataque adversário tem de ser muito inteligente para deixar jogadores em posição de impedimento e se aproveitar do lance com um companheiro chegando de trás para tirar proveito da estratégia do adversário e transformar a linha de impedimento em “linha burra”.

Antes das finais, tinham sido marcados 42 impedimentos (5 errados) do ataque do Santos em 21 jogos, exatamente 2 por jogo na média. No primeiro jogo das finais foram marcados 6 impedimentos do Santos e no segundo jogo, 7.

É inquestionável: se todo grande time começa com um grande goleiro, um grande campeão começa com uma grande defesa.

E a do Corinthians é uma grande defesa.

Desde 2006, os campeões do Brasileirão foram as equipes com a melhor defesa da competição, não o melhor ataque (exceção ao Flamengo, que em 2009 levou 2 gols a mais do que a melhor defesa do campeonato, o terceiro colocado São Paulo).

Nos últimos anos, os jogos de Corinthians e Fluminense foram muito emocionantes porque os times estavam o tempo todo sob pressão dos adversários. Eram os mais pressionados e os que menos levavam gols. Aceitavam a pressão e quanto mais pressão sofriam, mais bem aprendiam a se defender.

E deu no que deu.

A do Corinthians, não apenas marca com eficácia, como ainda deixa livres os adversários no momento certo, no lugar certo.

Vai começar um novo Brasileirão, e o Corinthians, campeão paulista de 2013, está pronto para ele. Quem mais?

Corinthians podia ter goleado, mas Santos está perto do tetra

seg, 13/05/13
por valmirstorti |
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Desde o início do Paulistão até as semifinais, pensava-se que o Santos seria beneficiado por poder se concentrar física e mentalmente apenas no Estadual. Mas no primeiro jogo das finais ficou claro: a Libertadores fez bem demais ao Corinthians.

No ritmo de quem vem de uma disputa contra o Boca Juniors na Bombonera, o Corinthians atropelou no primeiro tempo um Santos que vem de confrontos contra pequenos em ponto morto e de um confronto sonolento contra o Palmeiras, assim como na maioria dos clássicos neste ano.

O resultado disso foi não apenas o 1 a 0, mas toda a diferença ofensiva no primeiro tempo: foram 10 finalizações do Corinthians contra 2 do Santos; foram 3 finalizações certas do Timão contra nenhuma do Peixe; 12 cruzamentos do Corinthians e 2 do Santos; 9 escanteios para o Corinthians e nenhum para o adversário.

O Santos não atacou. Até seus erros apontam isso: o ataque do Santos foi pego em 1 impedimento no primeiro tempo e 5 no segundo tempo, o que mostra que até quando errou, foi contundente só no segundo tempo o Santos.

O bicampeão mundial Corinthians só não pode ser mais comparado ao Barcelona porque o Timão não é o Barça. Ainda assim, é um Corinthians histórico, avassalador quando tem pela frente um adversário previsível, o que permitiu ao dinâmico meio-campo corintiano antecipar-se e interceptar grande parte dos passes.

Ralf se destacou pela vitalidade em chegar primeiro em toda bola em seu setor. Estava tão acelerado em campo que quando o árbitro Wilson Seneme acertadamente não marcou pênalti de Edu Dracena em Romarinho, foi Ralf quem discutiu e colocou pressão sobre a arbitragem, surpreendendo até mesmo alguns companheiros, aos 36 minutos do primeiro tempo.

A diferença entre as equipes ficou mais clara quando o Santos precisou fazer passes mais longos para tentar evitar as antecipações nos curtos e jogar: os passes saiam fortes demais.

O Corinthians não deixou, e o Santos não jogou no primeiro tempo.

Por méritos do Corinthians,
poderia ter sido uma goleada.
Por méritos do Santos,
não foi.

Aos, 15 minutos, Ralf desviou escanteio para Danilo, e o goleiro Rafael salvou o Santos; aos 19, Romarinho fez assistência para Emerson, e o goleiro Rafael salvou o Santos.

Aos 41, Romarinho bateu falta levantada, Danilo dominou mal, se jogou e tocou para Paulinho matar com a coxa esquerda e completar com a direita no canto para fazer 1 a 0.

Aos 43, Alessandro cruzou, a defesa rebateu, e Paulinho estava pronto para o rebote. Acertou o travessão em um chutaço.

No segundo tempo, o Corinthians usou sua maestria em assegurar a vantagem construída, aquela irritante que por tanto tempo levou o clube a vencer por apenas 1 gol de diferença e o transformou em uma potência de nível internacional pronta para se proteger e atacar com precisão e afinco.

O Santos conquistou espaço ao colocar André e Felipe Anderson para dar algum volume ofensivo à equipe. Os números se tornaram diferentes: 5 finalizações do Corinthians, 12 do Santos; 3 finalizações certas do Corinthians, 6 do Santos; 6 cruzamentos do Timão, 5 do Santos; 2 escanteios do Corinthians, 4 do Santos.

Ainda assim, foi goleiro Rafael quem continuou impedindo uma goleada do Corinthians em 2 assistências e 2 finalizações de Emerson, aos 2 e aos 6 minutos do segundo tempo.

O Corinthians só voltou a fazer uma finalização certa aos 29 minutos, quando abriu 2 a 0 logo após colocar Pato em campo e renovar sua força ofensiva. Curiosamente, com a força ofensiva renovada, coube ao zagueiro Paulo André marcar: Emerson bateu o escanteio da esquerda, Danilo errou o domínio, Renê Júnior sentado cortou como deu e Paulo André emendou para o gol.

Também foi a última finalização certa o Corinthians na partida.

O Santos só fez mais 2 depois disso: aos 34, Felipe Anderson bateu escanteio da direita na segunda trave, Neymar cabeceou, mas o goleiro Cássio evitou o gol.

Aos 36, Felipe Anderson bateu falta levantada da direita, e Durval cabeceou para o gol, fazendo 2 a 1.

Não, o sonho ainda não acabou. Nem para quem tenta conquistar nem para quem busca impedir o inédito tetracampeonato no Paulista no profissionalismo.

Vale o registro: em 111 anos de história do Campeonato Paulista, apenas 1 vezes um clube conseguiu comemorar o tetracampeonato. E em 1916-17-18-19 houve uma cisão que dividiu os clubes em duas entidades, o que de certa forma facilitou a façanha do Clube Atlético Paulistano. Basta lembrar que em 1916 o Corinthians foi campeão da liga paralela. Não se repetiu mais em 83 anos.

Desde o início do Paulistão deste ano, o Santos decidiu jogar contra o São Paulo e não jogar nos demais jogos. Ou pelo menos não se empenhar no ataque.

Para ser tetracampeão, assim como campeão mundial, seja de clubes ou seleções, é preciso que todos os jogadores formem uma equipe coesa, com o mesmo potencial para decidir.

No caso do Corinthians, as conquistas da Libertadores e do Mundial no ano passado, e também a temporada atual, não deixam dúvida de que a equipe está pronta, concentrada e determinada a prolongar sua trajetória de títulos. Principalmente quando os volantes Paulinho e Ralf se alternam nas subidas ao ataque de forma tão inteligente para reforçar o ataque.

No caso do Santos, o time não poderia contar apenas com Neymar. E o Santos chega ao último joga da decisão com chances reais de ser campeão praticamente sem ter precisado de Neymar (ou para ser mais correto, precisando muito pouco de Neymar, que ainda assim é o artilheiro do campeonato, com 12 gols; mas a alegoria é válida).

No jogo decisivo, vai precisar também de Neymar. O marketing, os assessores, a mídia, todo o resto, estará fora das quatro linhas. Então, saberemos o que esperar dele na Copa das Confederações que está por vir.

O Corinthians abriu vantagem para mostrar que deve-se esperar pouco de Neymar. O Santos trabalhou muito para provar o contrário. Será no domingo, às 16h.

P.S.: Inexplicavelmente, em uma das três citações que fiz a ele no texto, errei o nome do goleiro do Santos, Rafael. Chamei-o de Gabriel. Péssimo. O texto foi corrigido na terça-feira, às 12h50.

P.S.2: Errei também ao colocar o Paulistano como tetracampeão em 1926-27-28-29. Em 1928, Paulistano e SC Internacional empataram em pontos, mas foi o Internacional quem venceu o jogo desempate e não o Paulistano. O texto foi corrigido na terça-feira, às 12h50.



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