30/06/2015 05h50 - Atualizado em 30/06/2015 16h06

Câmara do DF vota nesta terça projeto que regulamenta apps de táxis

Proposta prevê que apenas taxistas poderão participar de aplicativos.
Categoria se diz a favor de projeto; se aprovado Uber será proibido no DF.

Luciana AmaralDo G1 DF

Sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)Sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)

A Câmara Legislativa do Distrito Federal vota nesta terça-feira (30) projeto de lei que regulamenta o uso de aplicativos de táxis na capital. O projeto prevê o credenciamento dos programas em aparelhos móveis. Apenas pontos de táxi e taxistas cadastrados no governo poderão oferecer serviços por meio dos aplicativos.

"A Secretaria de Mobilidade passaria a lista dos cadastrados no Sinpetaxi e nas outras associações para os aplicativos de transporte de táxis e as pessoas poderão utilizá-los normalmente. Aplicativos de transporte individual com carros executivos e particulares, como o Uber, serão proibidos", afirmou o deputado distrital autor do projeto, Rodrigo Delmasso (PTN).

Táxi com a inscrição 'Fora piratas' durante carreata 1ue saiu do aeroporto JK em direção ao estádio Mané Garrincha (Foto: Luciana Amaral/G1)Táxi com a inscrição 'Fora piratas' durante carreata que saiu do aeroporto JK em direção ao estádio Mané Garrincha contra o aplicativo Uber nesta segunda (29) (Foto: Luciana Amaral/G1)

O projeto já recebeu parecer favorável do relator na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças, o deputado Julio Cesar (PRB). Se aprovado na Câmara, ele tem de ser sancionado pelo governador Rodrigo Rollemberg até a semana que vem.

Não cumprem lei, não têm subordinados, não são cadastrados. Eles estão roubando nossos passageiros e não pagam nada, como taxas. É uma concorrência desleal"
Maria Santana, presidente do Sinpetaxi sobre o Uber

Buzinaço contra o Uber
O projeto foi uma das principais reivindicações de taxistas e do Sindicato dos Permissionários de Táxis do DF durante uma manifestação por Brasília nesta segunda (29).

A categoria fez uma carreata entre o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek e o Palácio do Buriti em protesto contra o transporte pirata e o aplicativo Uber.

O app não é regulamentado pela Secretaria de Mobilidade Urbana e é considerado transporte ilegal pelo governo. Quem for pego oferecendo viagens por meio do serviço pode ser multado em R$ 2 mil. Em caso de reincidência, a multa pode chegar a R$ 5 mil. Os responsáveis pelo aplicativo disseram que o serviço é legalizado no país.

No protesto desta segunda, os motoristas fizeram um buzinaço em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do DF. As duas faixas da esquerda da via foram interditadas. Uma comissão foi recebida pelo governador Rodrigo Rollemberg.

"O serviço de transporte coletivo público e individual é uma concessão do serviço público e isso [o Uber] desorganiza todo o sistema. Portanto, a disposição do governo é combater o Uber para fazer com que o serviço aconteça de forma regulada e fiscalizada pelo poder público como é feito hoje com o serviço de táxi", disse o governador.

Rollemberg defendeu ainda a ampliação da frota de táxi do DF. "Temos que estudar a ampliação da concessão para ter um número maior de táxis rodando na cidade ofertando um serviço de boa qualidade para a população."

O serviço de transporte coletivo público e individual é uma concessão do serviço público e isso [o Uber] desorganiza todo o sistema. Portanto, a disposição do governo é combater o Uber para fazer com que o serviço aconteça de forma regulada e fiscalizada pelo poder público como é feito hoje com o serviço de táxi"
Rodrigo Rollemberg, governador do DF

Em nota, a Uber defendeu o seu serviço. "A Uber defende que os usuários têm o direito de escolher o modo que desejam se movimentar pela cidade, e com mais opções de transporte, maior o número de pessoas que optam por deixar seus carros em casa. A Uber também cria oportunidades de geração de renda para seus parceiros no mundo todo. Nossa principal missão é transformar o carro de um problema em uma solução, garantindo o direito de escolha por mais opções de mobilidade", disse a empresa em nota.

Para a presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxis do DF, Maria Santana, os motoristas da Uber praticam transporte pirata e devem ser extinguidos por não se submeterem ao governo. "Não cumprem lei, não têm subordinados, não são cadastrados. Eles estão roubando nossos passageiros e não pagam nada, como taxas. É uma concorrência desleal."

O taxista Ubiratan Ribeiro está na profissão há seis anos. "Senti uma diferença nas corridas com o Uber e o transporte pirata, principalmente no aeroporto e em hotéis. A fiscalização fica muito em cima do taxista e esquece dos outros."

Táxis estacionados no Estádio Nacional de Brasília durante protesto contra transporte pirata (Foto: Luciana Amaral/G1)Táxis estacionados no Estádio Nacional de Brasília durante protesto contra transporte pirata (Foto: Luciana Amaral/G1)

Alberto Rodrigues conta que trabalha como taxista há 33 anos e que a situação nunca esteve tão ruim como atualmente. "Em relação ao ano passado, tive uma redução de 40% [no lucro] por causa do Uber e da inflação. O Uber veio completar o arrocho que estava começando. Além da situação que vivemos com a pirataria, não temos mais condições de bancar a gasolina, a manutenção, os impostos. Está tudo caro", afirma.

A Uber defende que os usuários têm o direito de escolher o modo que desejam se movimentar pela cidade, e com mais opções de transporte"
Uber, em nota

A frota da capital conta com 3,4 mil veículos e 5 mil taxistas, segundo o sindicato da categoria. Em funcionamento desde novembro de 2014 em Brasília, o Uber é um programa que pode ser baixado de graça em smartphones e funciona como uma ponte entre usuários e motoristas que prestam corridas, como os táxis.

Na cidade, a única modalidade disponível é a "UberBlack", que presta o serviço em carros pretos de luxo com atendimento especial. Segundo o app, todos os veículos têm menos de três anos de uso, banco de couro e ar-condicionado sempre ligado. Os motoristas são treinados para abrir a porta para o passageiro, disponibilizar água e perguntar qual a rádio de preferência.

Não são feitos pagamentos em dinheiro ou com cartão de crédito dentro do veiculo. O valor da corrida é descontado do cartão indicado pelo cliente no momento do cadastro no aplicativo. A tarifa base na capital é de R$ 4, R$ 0,25 por minuto mais R$ 1,75 por quilômetro. O valor é cerca de 5% mais caro do que os táxis comuns.

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