O linchamento virtual do Quitandinha Bar alerta: é hora de você rever seus conceitos
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O linchamento virtual do Quitandinha Bar alerta: é hora de você rever seus conceitos

Como um gerente sexista e despreparado, policiais militares machistas e uma cliente vítima de assédio – consciente de sua liberdade de ação e da força da internet – contribuíram para jogar no limbo a imagem construída ao longo de 25 anos de um dos bares mais tradicionais da zona oeste paulistana, o Quitandinha Bar, da Vila Madalena.

Update do caso - quarta, 17.02. A defesa do Quitandinha. Clique aqui

O episódio aconteceu às vésperas do Carnaval e a cliente em questão é a paulista Júlia Velo. Em um longo post no Facebook, Júlia relata que estava com amigos no bar, quando foi assediada por dois frequentadores antigos do local. Daí em diante, o desenrolar da história mistura choro, xingamentos, despreparo e machistas da pior espécie travestidos de clientes, PMs e o gerente da casa. 

O Caso Quitandinha seria mais um dentre tantos de assédio sexual – e moral – a mulheres em bares paulistanos, se Júlia não tivesse prometido a si mesma e aos amigos fazer barulho. A hashtag fala por si só: #vamosfazerumescândalo.

Para azar do bar e sorte daqueles que lutam por uma sociedade moderna e igualitária, o post viralizou. Hoje passa dos 38 mil compartilhamentos e 125 mil curtidas. Em poucas horas, 26 mil homens e mulheres indignados inundaram a FanPage do Quitandinha para avaliar negativamente o bar e deixar o seu repúdio ao caso de assédio e à falta de providências.

O tsunami de avaliações negativas invadiu ainda o Google e o TripAdvisor, além de aparecer nos principais veículos de comunicação. Prejuízo incalculável.

Quando a emenda fica pior do que o soneto

O Quitandinha, claro, teve de se explicar. Como ele se explicou é que foi o problema...

Escrito para apagar um incêndio florestal de grandes proporções com um copo de água, o post soou mal aos ouvidos de quem esperava uma retratação à altura da humilhação sofrida por Júlia e seus amigos:

“…Estranha o fato da pessoa que conta a história não querer assistência como foi dada no momento, estranha a pessoa não querer denunciar o agressor e sim, apenas falar do bar. O bar sempre deu assistência a todos que ali frequentam, o bar não cuida da índole, caráter de pessoas que frequentam e sim da integridade de quem está lá, sempre assessorando quando há alguma ocorrência, que historicamente não tem; também estranha o fato de que quem relatou o ocorrido e quem concordou e compartilhou, não frequentarem o bar!”

Tome 4 mil comentários.

Diante da reação negativa, o Quintadinha voltou a postar:

“Parece que há algum engano na interpretação do texto, quando diz o bar não compactua com isso, não é com o fato relatado e sim com assédio ou qualquer discriminação contra alguém, o bar não compactua com qualquer assédio contra as mulheres, grato pelo compreensão!”

Tome mais 2 mil comentários detonando a retratação.

Novamente, o bar se pronunciou:

“...Dentre os nossos valores, prezamos pela verdade, e por isso, estamos trabalhando para que tudo seja esclarecido de maneira justa, transparente e eficaz! E para que o agressor seja devidamente punido...”

Três mil comentários.

Um quarto post tentou, em vão, colocar panos quentes na situação:

“Clientes e amigos! Queremos que vocês saibam que estamos trabalhando com toda nossa força pra descobrir exatamente o que houve na noite do dia 4 e para responsabilizar os culpados pelo fato acontecido é narrado por Julia Velo e seus amigos… Tenham certeza que os culpados serão responsabilizados. Estamos abertos e queremos ouvir todos os envolvidos no acontecimento…”

Não convenceu. E houve quem pedisse até o fechamento da casa:

O que a grita contra o Quitantinha Bar tem a nos revelar?

O Caso Quitandinha expõe uma ferida aberta que há tempos incomoda homens e mulheres na Vila Madalena, em outros bairros e capitais do Brasil: o mito institucionalizado de que, contra a mulher, tudo pode.

Por isso, o recado das ruas, melhor dizendo, da rede, é tão simples quanto direto: reveja os seus conceitos. Reveja quem você contrata, reveja seu atendimento, sua comunicação, sua ética e suas relações.

Chega de fazer vistas grossas a "playboys folgados"; chega de babação de ovo a reis do camarote; chega de policiais subservientes; chega de desinformação; chega de misoginia; chega de opressão; chega de machismo.

Poderia o Quitandinha ter evitado esse inferno na terra? 

A resposta é não. Ninguém contrata um gerente esperando que ele acoberte babacas. O bar poderia, porém, ter dado passos que indicassem maior transparência e boa vontade em resolver o imbróglio:

  • Sairia melhor na foto se não postasse no susto notas mal redigidas e sem assinatura 
  • Sairia melhor na foto se desse um rosto ao bar, colocando um sócio em vídeo, desculpando-se ou comentando a acusação de agressão 
  • Sairia melhor na foto se entrasse em contato com as vítimas para conversar decentemente e lhes pedir desculpas públicas
  • Sairia melhor na foto se fosse até a polícia com todos os envolvidos e respondesse por aquilo que está sendo acusado

O empresário Flavio Pires, sócio do Quitandinha e de pelo menos cinco bares da Vila Madalena, afirmou ao G1 que mesmo se confirmarem a denúncia de negligência feita por Júlia após suposto assédio sexual não justificaria a repercussão que o caso teve. Será mesmo?

Dentre as centenas de comentários que li, um me chamou a atenção. Foi de Graça Marinho, rebatendo os vários posts do Quitandinha que citam a tradição da casa na noite paulistana e seus mais 25 anos de atividade:

“Em 25 anos deveriam ter aprendido que mulheres não se calam mais ao serem assediadas e agredidas por ‘machos das cavernas’. Os tempos são outros, queiram ou não os machistas aceitarem”.

Pois é. O mundo mudou e talvez só o Quitandinha não viu.


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Pra mim meu amigo, e para toda pessoas do bem, estes machista, não passam de doentes mentais, são infelizes, de mal com a vida...Olha q todos são cheios de preconceitos, problemáticos, esquece q, veio ao mundo, através da mulher, q para a humanidade, é o SER mais importante da Terra!!!

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Modernidade líquida está acabando com as tradições sólidas, que tem seu lado bom é ruim ao mesmo tempo. Em passos largos mutações ocorrem e não se acompanham se perdem no tempo.

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Julia heroina, bem feito para eles. Força física ou autoridade hoje não são mais as armas mais fortes dos covardes, pois geralmente quando acontece um ato covarde desse, estão em maior número, ou são mais fortes fisicamente, ou revestidos de "autoridade", e ninguém toma nenhuma atitude, nesse caso o troco veio depois e muito bem vindo.

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SÓ MESMO ESTANDO PRESENTE AOS FATOS , PARA PODER FAZER UMA MANIFESTAÇÃO JUSTA PARA AMBOS OS LADOS , POIS FALAR DO LÊ É FÁCIL , O DIFÍCIL É FALAR DAQUILO QUE SE PRESENCIA , POIS Á VERDADES E "VERDADES ", FATOS E "FATOS", E " VÁRIOS TIPOS DE PESSOAS ".

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Wellington Figueiredo

Consultor Empresarial, Especialista em Marketing, Desenvolvedor Web No Code.

8y

Só dá pra opinar vendo o vídeo que está na web na resposta da empresa. Hoje em dia tem que analisar tudo antes de opinar, o poder da rede é muito forte e pesa pra um lado só, bom analisar os dois e opinar.

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